julho 18, 2010

desvio

saí de lá. estava muito escuro, não conseguia ver nem um palmo à frente do nariz. tentei então imaginar as linhas do horizonte, e cruzá-las com mais uns pontos oblíquos e verticais, como se faz com a geometria descritiva. caminhei pela estrada fora à procura de algo que me iluminasse. nada. nem uma luz. nem uma pessoa viva. morte. cheirava-me a morte. sangue. haviam passado por ali centenas deles, à procura de sangue para beber, de sangue jovem. mas nenhum ser vivo restava. eu era o único. caminhei rua fora, o caos tinha-se instalado na cidade. onde se encontraria o teu corpo? encontrava-me no meio do apocalipse. cheguei então à minha tumba. encontrava-se fria e suja. suja de sangue, sangue muito sangue. corpos por todo o lado. de uma sombra consegui ver os dentes mais afiados que alguma vez vira. cintilavam à luz fina da vela. deixei que me penetrassem, deixei-me levar pela excitação. quando acordei, não era mais eu!

Sem comentários:

Enviar um comentário