janeiro 27, 2012

entranhei-me nos seus olhos castanho-avelã. consegui pela primeira vez sentir o que ele sentia. ver o que ele via. ouvir o que ele ouvia. de tantos cigarros fumados, a sua boca não passava de um cinzeiro completamente sujo! a vida passava-lhe por entre os olhos numa autêntica câmara lenta, como se o andamento do relógio tivesse reduzido para metade, fazendo com que as pessoas abrandassem o ritmo a seus olhos. não havia nada que ele não ouvisse, mas tudo lhe passava despercebido. os seus pensamentos misturavam-se com os [pensamentos] das pessoas que o cercavam, fazendo com que o pobre rapaz tivesse a capacidade de se perder por entre todas aquelas reflexões, criando na sua cabeça um espaço, que apesar de cheio, se encontrava vazio e sem qualquer fundo. naquele momento percebi o quanto os seus sentidos se estavam a tornar cada vez mais apurados, fazendo com que o viciado captasse cada movimento ao seu redor sem qualquer problema. tive a necessidade de sair de dentro dele e voltar à minha realidade. a cabeça doía-me de tal forma que o passo seguinte consistiu na perda dos meus próprios sentidos... do meu próprio eu. perdi-o de vista logo após a minha queda directa ao chão.

27-JAN-12

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