março 23, 2012

3º capítulo: o eu confiante, parte 2

mal a porta atrás de mim bateu, tratei imediatamente de enterrar a chave na respectiva fechadura. não me parecia que a noite que se estava a apoderar a cada segundo mais da cidade fosse ficar calada. aconcheguei o meu corpo dorido ao sofá. mãe e pai já dormiam. liguei ao rodrigo. no final da pequena conversa ele sorriu amavelmente. bem, eu sei que não estava lá para ver isso, mas eu tenho a certeza que ele me sorriu. pousei o contador das mensagens bem longe de mim e fixei o meu olhar no habitual filme de terror que passava às terças no canal 7. três latidos em fracção de segundos alertaram-me de que os coiotes não se encontravam mais no confortável horizonte, mas sim a dois ou três quarteirões dali. a curiosidade tomou partido de mim. afastei as cortinas que cobriam as janelas reluzentes da sala de estar. à primeira vista a única diferença que a rua me mostrava desde que eu de lá saíra e havia entrado no meu conforto, era uma camada bastante densa de nevoeiro, que se espalhava amarguradamente por aquelas ruas desertas de vida. nem sinal deles à vista, mas eu tinha a certeza que era uma questão de tempo até eles ali passarem, completamente esfomeados, à procura de carne fresca.

HF

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